TEORIA DAS 10000 HORAS

Em 1993, um professor da Universidade de Colorado chamado Anders Ericsson publicou uma pesquisa que causou bastante polémica.

Ericsson acompanhou vários estudantes de violino, desde a infância até o final da adolescência, para que conseguisse descobrir o que diferenciava os músicos extraordinários dos medianos.

No final do seu estudo, Ericsson constatou que os violinistas mais talentosos eram aqueles que tinham praticado uma média de 10000 horas, enquanto os que apresentavam um menor talento eram os que tinham praticado somente 4000 horas ao todo.

Ericsson, através do seu estudo, concluiu que "muitas das características que outrora acreditávamos refletir um talento inato são na realidade resultado de uma prática que se estende por um mínimo de dez anos".

Por isso ele afirmou que se nos dedicarmos 10000 horas (ou seja 3 horas por dia durante 10 anos) a qualquer atividade, seremos capazes de virar experts nessa mesma atividade.

Fatores como disposição genética e o talento natural, notou Ericsson, poderiam alterar o número de horas necessárias para uma pessoa se tornar um verdadeiro especialista numa determinada área. O objeto estudado por ele foi especificamente o violino, que requer um volume altíssimo de dedicação para nos tornarmos uns praticantes a um nível bastante elevado. Será que noutras áreas de estudo podemos aplicar a sua teoria sendo necessárias 10000 horas de treino?

Ericsson também chamou a atenção para a qualidade do treino. "Um pianista amador que treina as mesmas músicas durante 30 anos pode ter acumulado 10000 horas de prática, mas não melhorou", disse. Daí a importância de praticar com sabedoria.

Na nossa opinião são várias as críticas a esta teoria principalmente ao facto de se ter tentado simplificar algo bastante complexo, mas pensamos que a mensagem principal deste estudo passa por caracterizar o que é necessário fazer para ser um especialista. Estas 10000 horas são uma média e que funcionam quase que simbolicamente de forma a indicar que são necessários anos para se poder dominar uma determinada disciplina/matéria.



"A prática leva à perfeição"

É uma frase reconfortante, que serve como uma forma de incentivo. Mas será mesmo que a prática constante de alguma atividade pode levar à excelência, ou dependerá também de outros fatores?

Há mais de um século a ciência vem trabalhando para descobrir como ocorre o processo de aprendizagem. Disciplinas como a psicologia cognitiva e, mais recentemente, a neurociência educativa têm procurado desvendar o poder do cérebro em processar informações e em compreender como ele armazena esse conhecimento na memória.

Vários estudos feitos têm demonstrado que a qualidade da prática de alguma disciplina é tão importante quanto a quantidade da mesma.

Para chegar à excelência, é preciso um tipo específico de prática- prática deliberada. Em linhas gerais, é a prática consciente e não automatizada, das partes que compõem uma tarefa, principalmente, naquilo que não se tem domínio.

Para ilustrar esta tese, digamos que uma pessoa decida aprender a tocar piano. Inicialmente, o estudante começa a tocar e a identificar tons graves e agudos. Com o tempo, passa a perceber as notas que ouve enquanto toca.

Conforme vai praticando vai ganhando agilidade nos dedos. Em poucas semanas, o estudante já adquire um controlo e uma velocidade maior nos seus dedos.

Até que, a certa altura, os seus movimentos começam a tornar-se automáticos e tocar piano torna-se algo intuitivo. A partir daqui, o seu desempenho estaciona num nível e não melhora, mesmo que ele treine por décadas.

Mas, qual a razão para isto acontecer? Quando este aluno passa a praticar piano de forma automática não importa quanto tempo ele treina pois nunca irá melhorar desta forma. Agora se ele praticar concentrando-se e focando-se no processo de maneira a atingir determinados objetivos, talvez duas horas por dia sejam o suficiente para se tornar num grande pianista um dia.

Há vários relatos que fomentam esta teoria, dando uma ideia não só de quanto, mas de como os grandes mestres treinam. Um exemplo é o caso de Kobe Bryant, cinco vezes campeão da NBA e duas medalhas de ouro olímpicas. Este grande jogador não se limitava a praticar muitas horas. Ele escolhia, em cada treino, objetivos concretos. Como fazer 800 arremessos, por exemplo, para aprimorar a técnica de encestar. Isso levava várias horas, mas não eram as horas que Bryant contava durante o treino mas sim os arremessos.

Em suma, podemos dizer que tão, ou mais importante, que o tempo que alguém se dedica a algo é a maneira como se dedica à mesma. Logo, apenas a prática não levará à perfeição, é necessário que todo o tempo investido no treino e aperfeiçoamento de alguma disciplina seja de forma concentrada e focada em determinados objetivos.

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